Que temor deverá o vero amante pelo caminho nutrir,
uma vez que o ser eterno é o companheiro da viagem?
Que pesar poderá ele sentir na partida da alma,
quando o Deus de sua alma é o mais íntimo amigo?
Ele é um viajante; no entanto, como a lua,
permanece imóvel em sua própria beleza.
Como poderá esperar pela chegada da brisa,
sendo ele mesmo mais leve que qualquer aragem?
O amante e o amor, alma minha, são um só:
nunca os julgues como duas metades.
Quando o amor e o amante se perceberem um só,
ao mesmo tempo ambos serão o dador e a dádiva.
O amante está em busca desta completude;
ele é como o couro posto ao sol a maturar.
Quando parte para o mar à procura da pérola,
é ele mesmo essa pérola, única e inestimável.
(Versão de Pedro Belo Clara a partir da tradução inglesa de Andrew Harvey in "Teachings of Rumi" - Shambhala Pub., 1999)